a noite desta terça-feira, dez travestis subirão à passarela do sétimo Miss Transex Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Muito mais que uma coroa e uma faixa, que serão usadas pela eleita mais bela, elas buscam mostrar um desfile de coragem e luta. Claro, sem descer do salto ou borrar a maquiagem.
— É uma noite de resistência. Mostraremos o glamour e a elegância que nos negam, muitas vezes atrelando as travestis somente ao noticiário policial — avalia Larissa Dieckmann, presidenta do Grupo Transdiversidade Niterói (GTN): — Somos plurais, belas. Vamos mostrar como somos.
Ana Kezya com a faixa de outro concurso Foto: Reprodução do Facebook
O concurso acontece desde 2009, mas somente nos últimos três anos ganhou vulto. Ano passado, a gonçalense Paulla Tavares, de 21 anos, conquistou a coroa. Desde então, representa as travestis em eventos oficiais para os quais o GTN é convidado. A vida da miss transex também tem suas facilidades, como lugar reservado no maior trio elétrico da parada gay niteroiense. Além de trajes casual e de gala, as candidatas usarão maiôs e uma produção especial grega, desenhada pela estilista Wanda Azevedo.
— É como qualquer concurso de miss. A gente passa a representar um grupo, então tem que cuidar da postura, de como se apresenta, essas coisas. Os convites para trabalho aparecem. Acabei de fazer um clipe musical, de um artista da cidade, que será lançado em breve — diz, sem dar detalhes do projeto.
Bianca Ferrary Foto: Reprodução do Facebook
No Canto do Rio, onde acontece o concurso, outro mistério espera as candidatas. O júri só será revelado às 22h, tudo para que não haja interferências. Três serão premiadas. Todas sairão vitoriosas.
— O Miss começou na minha casa. Desde então, mesmo com as dificuldades, vem crescendo. A visibilidade que proporciona para as travestis e para os LGBT é o sucesso de todas — finaliza Larissa.
Bruna Vidal Foto: Reprodução do Facebook
A festa é apoiada pela Coordenadoria de Defesa dos Direitos Difusos e Enfrentamento à Intolerância Religiosa de Niterói (Codir), mas é financiada por patrocinadores privados. O Canto do Rio fica na Avenida Visconde do Rio Branco 701, Centro. Entradas a partir de R$ 30. O GTN faz atendimentos às pessoas trans pelo telefone 3617-0251.
Eloá Rodrigues Foto: Reprodução do Facebook
Depoimento: Paulla Tavares, 21 anos, miss transex 2015
Paula Tavares Foto: Divulgação
“Eu tenho muita sorte. Comecei a minha transição aos 15 anos. Aos 17, só me vestia como mulher. E sempre tive o amparo da minha família, o que é raro. Hoje, trabalho com a minha mãe no nosso salão de beleza. Sou cabeleireira profissional, e ela cuida das unhas das clientes. Moro no Gradim desde que nasci, e não tenho muito do que me queixar da vizinhança. Mas a minha vida não é o que acontece com a maioria e, por isso é tão importante que exista o Miss Transex Niterói. Para mostrar que não precisamos ser marginalizadas. Outra coisa boa é que acabamos mostrando outros caminhos para quem está chegando. Travestis não têm que trabalhar apenas na rua. Existem outras possibilidades, e é isso que quero mostrar. Além de realizar o sonho de ser miss!”
Ivy Santhiago Foto: Reprodução do Facebook
Joyce Rios Foto: Reprodução do Facebook
Kimberlly Souza Foto: Reprodução do Facebook
Lívia Jotha Foto: Reprodução do Facebook
Pollyana Lopes Foto: Reprodução do Facebook